How to Care for Cosmos
“A sea mist shimmers in the dawn. Still air. Dew sparkles on the shingle. A solitary magpie perched in the driftwood. The chill soon warmed away by the sun. Nico singing “Little Valentine”. Gild the angels' helmets.” (Jarman, 1991)
Esta é a entrada de dia 25 de Setembro de 1989 de “Modern Nature”, de Derek Jarman. Um diário que acompanha o jardim de Jarman - esse das plantas e esse da sua vida. Trinta e cinco anos depois, o BEAST procura aproximar-se ao amor e à beleza que brotaram e ainda emanam desse espaço - do físico e do etéreo. Um lugar que, mesmo rodeado de - e marcado e assombrado por - tristeza, amargura, solidão, tragédia e morte, resplandece de (e em) luz: (sobre)vive.
Esta secção desenha-se com uma selecção de filmes de resistência, de afectos, de ligação ao político, de conexão com a expansão do sensorial e com as magias latentes do presente. Num movimento constante de procura por um olhar, por um cuidado, por uma visão sobre o futuro, em partilha.
Assim, esta secção conta com a exibição de um programa com curadoria do Sunny Bunny, composto por cinco curtas-metragens queer ucranianas.
A secção inclui igualmente a exibição de duas longas-metragens: Tal sentimento e Pós-água. Com o desejo de criar “a space, to be heard, (...) that’s what really matters”, como nos é dito em Tal sentimento. E, se “there is a geography of miracles”, como se pode ler sobre “Pós-água”, de Dane Komljen, lançamo-nos, juntes, pela busca incerta que nos poderá levar a esse(s) destino(s).
Feature Films
Queer Ukraine — Sunny Bunny
Estas cinco novas curtas-metragens queer ucranianas fizeram parte do festival SUNNY BUNNY em Kiev e pretendem representar – ainda que com as restrições de um programa e as limitações da produção de filmes na Ucrânia durante a guerra – a diversidade do novo cinema queer ucraniano. O programa inclui obras de talentos emergentes, alguns deles estudantes, outros com mais experiência – mas como não há longevidade de representação queer no ecrã no nosso país, estes são alguns dos cineastas que a estão a construir, e com meios muito limitados, o que é ainda mais louvável.
De uma forma ou de outra, lidam com a guerra e com o trauma causado por ela. E agora, passados 2,5 anos desta guerra em grande escala, é cada vez mais difícil viver na Ucrânia e lidar com ela. Por isso, para além do valor artístico, são também uma chamada de atenção para a necessidade de apoiar a Ucrânia – a vanguarda defensora da democracia mundial.